Ivan Lins e Chico Buarque se encontraram na surdina no estúdio Corredor 5, no Rio de Janeiro, para a gravação inédita da música Sou Eu, de composição de ambos, só que… em italiano. É o que conta a coluna impressa de ÉPOCA desta semana. A ideia partiu de Max de Tomassi, um italiano apaixonado por MPB e produtor da banda InventaRio. Intitulado InventaRio incontra Ivan Lins (no original), o CD com a música tem lançamento previsto para abril, com todas as faixas de composição de Ivan vertidas para a língua de Dante. “O Max fez a versão de Sou Eu e submeteu ao Chico, que gostou muito. Perguntei se ele gostaria de cantá-la em italiano comigo e ele topou prontamente”, conta Ivan. E como foi a gravação? “Eu e Chico somos reservados, mas quando nos encontramos, falamos pelas tamancas”.
Confira o bate-papo com Ivan Lins:
Como você soube da homenagem?
A ideia foi dos italianos, creio que junto com o Dadi (Carvalho). Mas eles já sabiam que eu adoraria fazer um dia um projeto com eles, pois já havia participado com uma canção anterior do grupo e adorei o jeito deles de tocar. Aceitei na hora, lógico! O Vinícius Cantuária e o Cesar Mendes foram escolhidos pelo Max, produtor do CD, e eu gostei muito.
Como foi recrutar o Chico?
O Max de Tomassi fez a versão de Sou Eu e submeteu ao Chico, que gostou muito. Aí, sabendo disso, perguntei pessoalmente ao Chico se ele gostaria de cantá-la em italiano comigo. Ele prontamente topou. Comigo o Chico conversa normalmente, mas eu também costumo ser reservado fora do ambiente da música. Com o Chico eu falo pelas tamancas, e ele também (rs).
O que você achou das letras em italiano?
As letras estão muito bem feitas. Não fogem do tema original obedecendo à métrica. Nesse aspecto, eu sempre converso muito com o letrista, abrindo mão de certas partes para que o texto flua bem dentro da minha melodia e mantenha sua beleza poética. Canto uma música sozinho, quatro em dueto, e as outras têm participações de artistas italianos; do Dadi em outra e ainda uma versão instrumental de Madalena, com a participação do Vinicius Cantuária e solo do trompetista Fabrizzio Bosso.
Você deu pitaco na seleção do álbum?
Como não poderia deixar de ser, claro. Sugeri um número maior de canções minhas que poderiam ficar bem em italiano. Dessas, eles escolheram as que mais tinham a ver com o mercado italiano. Eles também chegaram com algumas sugestões.
Diogo Nogueira ganhou essa música Sou eu em 2009, sucesso atual na novela global A Vida da Gente. Você tem a sua preferida? Ou para você cada versão tem sua história?
Cada versão tem a sua historia. Nessa versão, por exemplo, usei uma levada que o Chico fez para o samba Partido Alto (” Diz que deu, diz que dá/Diz que Deus dará….”), cuja gravação ao vivo com Caetano ficou muito famosa nos anos 70. Já que ninguém mais usa essa levada, que é genial, uso eu (rs). Ficou um samba suingado, com uma marcação meio híbrida, diferente. E como o grupo InventaRio é 50% instrumental, houve espaço para pequenas intervenções dos músicos.
E quais seus outros projetos?
Além desse em italiano, existem mais três projetos engatilhados. Um deles totalmente em espanhol para ser lançado na Espanha, em fevereiro. Outro, quase todo instrumental, gravado com a Big Band SWR , de Stuttgart (Alemanha), para o mercado jazzístico internacional, que deve sair em maio. Tenho ainda o meu CD inédito de carreira, Amoragio, a ser lançado aqui no Brasil em março, pela Som Livre. Isso tudo sem contar o meu lado ativista, que me leva a Brasília uma ou duas vezes por mês, para lutar pela melhoria dos direitos autorais no Brasil, e por melhores condições de sobrevivência para o músico e o artista brasileiros. Haja tempo para um descansozinho…(rs).
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