terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ministros divergem sobre regra para desempate no mensalão





Ministros divergem sobre regra para desempate no mensalão

No rescaldo do primeiro empate no julgamento do mensalão, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda divergem sobre qual regra deveria ser aplicada para resolver o impasse. Nesta terça-feira, antes das sessões nas turmas, o ministro Marco Aurélio Mello defendeu que o presidente da Corte, Ayres Britto, deve invocar o voto de Minerva para decidir a questão. Já o revisor do processo, Ricardo Lewandowski, acredita que o empate beneficia o réu.
Apesar de contar com a possibilidade desde que Cezar Peluso se aposentou e deixou o plenário com dez integrantes, os ministros vinham evitando falar sobre a possibilidade de empate no mensalão. Ela, contudo, se concretizou na sessão de ontem, quando o ex-deputado José Borba (ex-PMDB-PR) recebeu cinco votos pela sua condenação por lavagem de dinheiro e cinco por sua absolvição.
Há duas correntes em discussão no Supremo. A primeira gostaria de ver aplicado um artigo do regimento interno do Supremo que dá ao presidente da Corte o voto de qualidade quando o empate decorre da ausência de um ministro, como é o caso do mensalão.
“Eu não concebo coluna de meio a não ser em caso em que haja previsão explícita, que é exceção. Exceção tem que ser interpretada de forma estrita, mas até o final pode ser que alguém mude pra lá ou para cá. Até o relator por absolver”, brincou o ministro Marco Aurélio, mas deixando claro que não pretende apoiar decisões que coloquem em liberdade réus que fizeram o plenário adotar entendimentos opostos
A outra corrente decorre do entendimento aplicado em dois dispositivos legais, o artigo 615 do Código de Processo Penal e a Lei 8.038/90. Eles versam que a decisão será sempre a mais favorável ao réu.
“Eu não tenho dúvida. O empate beneficia o réu, in dubio pro reo. É um princípio universal do direito e o artigo 615 do Código de Processo Penal, a meu ver, é muito claro nesse sentido. Para mim, como houve empate, significa que houve uma dúvida. Metade de nós pensa que o réu é culpado, metade pensa que não é”, defende Ricardo Lewandowski.
O ministro Gilmar Mendes preferiu adotar um tom mais cauteloso e afirmou que a decisão deverá ser discutida em plenário. Na sessão de ontem, ao perceber o empate no caso de Borba, Ayres Britto preferiu evitar a contenda ainda com réus sendo julgados e declarou que vai deixar a discussão para o final do julgamento, quando serão proferidas as penas aplicadas a cada um dos réus condenados.

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